Inclusão Digital: Inovação sem acessibilidade é retrocesso
A busca constante por inovação é primordial para que as empresas se mantenham forte no segmento que atuam. O desenvolvimento de soluções tecnológicas para inovar está no cerne da nova década. Buscamos a todo custo a ideia revolucionaria que irá impactar a vida de diversas pessoas. Mas a partir de qual momento que nos esquecemos das pessoas com deficiência(PcD)?
As PcD fazem parte da sociedade e também devem estar inseridos em nosso meio tecnológico. Mas o fato é que não estão. Imagine você ser um deficiente visual e a única forma de utilizar a internet seja através da audição. Quantos sites vem a sua mente que estariam preparados para te atender? Ou imagine você ser surdo e ter sido alfabetizado em libras, quantos sites com tradução do conteúdo em libras você conhece?
“Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no país ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.” Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
O discurso enfatizado por diversas pessoas sem qualquer deficiência de que "todos somos iguais perante a lei" não parece ecoar muito bem para as PcD. É notório que a lei deve valer a todos, porém, é preciso ter cautela para saber se todos conseguimos ao menos ouvir, enxergar ou conhecer nossa lei vigente.
“Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade.” Aristóteles
Privilegiar pessoas dado ao seu grau de indiferença pode a principio ser algo injusto já que teoricamente "todos somos iguais", porém, a equidade busca reparar as diferença para que todos possam atuar de forma igual, eliminando as diferenças (ou pelo menos tentando).

Segundo o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23,91% da população do Brasil (45.606.048 milhões de pessoas) afirmam ter pelo menos uma das deficiências investigadas pela pesquisa (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental / intelectual.
População por tipo e grau de dificuldade e deficiência

Fonte: IBGE / Observação: uma mesma pessoa pode ter mais de uma deficiência
Visual: Não consegue de modo algum 0,27% (506.377 mil de pessoas), grande dificuldade 3,18% (6.056.533 milhões de pessoas), alguma dificuldade 15,31% (29.211.482 milhões de pessoas).
Motora: Não consegue de modo algum 0,39% (734.421 mil de pessoas), grande dificuldade 1,94% (3.698.929 milhões de pessoas), alguma dificuldade 4,63% (8.832.249 milhões de pessoas).
Auditiva: Não consegue de modo algum 0,18% (344.206 mil de pessoas), grande dificuldade 0,94% (1.798.967 milhões de pessoas), alguma dificuldade 3,97% (7.574.145 milhões de pessoas).
Mental / Intelectual: possui 1,37% (2.611.536 milhões de pessoas).
Pessoas que possuem algum tipo de deficiência

Fonte: IBGE
Ferramentas para diminuir obstáculos
É imprescindível o uso de ferramentas de inclusão. Oferecer recursos para que PcD sejam independentes é dar fim a uma limitação imposta por circunstâncias da vida. Algumas ferramentas estão disponíveis no mercado gratuitamente, outras necessitam de licença para seu uso.
Audima
O Audima é uma solução para atender pessoas com dificuldades de visão ou leitura. A ferramenta converte o conteúdo do seu site para áudio, tornando-o inclusivo. Ao acoplar em seu site, será exibido um reprodutor de áudio possibilitando que PcD auditiva absorvam as informações ali disponibilizadas. Conforme ilustração a seguir:
Para utilizar a ferramenta, siga as instruções na documentação do projeto. Basta copiar o código abaixo e inserir entre o título e o conteúdo das informações presente no seu site:
<div id="audimaWidget"></div>
<script src="//audio.audima.co/audima-widget.js" defer></script>
VLibras
O VLibras é uma ferramenta de acessibilidade gratuito desenvolvido para tornar páginas web acessíveis para pessoas surdas. Com a tradução automática de Português Brasileiro para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), essa ferramenta permite que usuários surdos sejam capazes de consumir conteúdos de texto em qualquer website. O projeto surgiu em uma parceria entre o Ministério da Economia (ME), por meio da Secretaria de Governo Digital (SGD) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O software está disponível em diversas plataformas.
Para navegadores
Para computadores
Para smartphones e tablets

Para integrar a ferramenta no seu site gratuitamente, siga as instruções na documentação do projeto. Basta copiar o código abaixo e inserir dentro da tag <footer> do seu site (a documentação estabelece que deve ser inserido antes do fim da tag <body> mas comigo não funcionou):
<div vw class="enabled">
<div vw-access-button class="active">
<div vw-plugin-wrapper>
<div class="vw-plugin-top-wrapper">
</div>
</div>
<script src="https://vlibras.gov.br/app/vlibras-plugin.js">
<script>
new window.VLibras.Widget('https://vlibras.gov.br/app');
</script>
HandTalk
Essa ferramenta possibilita que um assistente virtual chamado Hugo, interprete conteúdos para LIBRAS. A facilidade e sua versatilidade, além de sua elegância torna-a fantástica. Constantemente essa tecnologia realiza melhorias se tornando cada vez mais eficaz.
Para smartphones e tablets

Rybená
A solução Rybená Web oferece aos surdos, deficientes visuais, pessoas com deficiências intelectuais (ex.: síndrome de down), analfabetos funcionais, idosos, disléxicos, e outras pessoas com dificuldade de leitura e de compreensão de textos, a possibilidade do entendimento das páginas Web. É uma tecnologia assistiva para traduzir textos do português para LIBRAS e Voz.
Para smartphones e tablets
O custo para adesão dessa solução é de R$650.00 mensais do pacote normal ou R$1000.00 para o pacote personalizado. O Rybená disponibiliza gratuitamente o software para entidades sem fins lucrativos que apoiem pessoas com deficiência, basta entrar em contato através do e-mail comercial@grupoicts.com.br ou pelo telefone (61) 3051-2800. Mais informações para aquisição clique aqui.

Não acredito que tenhamos nos esquecido das PcD. A verdade é que não damos a devida importância para o tema. Inclusão deveria ser abordado na fase inicial da idealização de qualquer sistema, sendo definida as principais dificuldades enfrentadas por cada grupo de usuários que usufruirá os sistemas. Lembramos deles todos os dias, e fazemos pouco ou quase nada para integrá-los. Precisamos de mais empatia para com o próximo. Existem um vasto conjuntos de ferramentas de inclusão nos meios digitais que abrangem diversas deficiências. É possível integrar essas ferramentas com um simples copiar e colar das configurações disponibilizadas na documentação de cada projeto. É preciso agir e integrar as tecnologias existentes nas plataformas que utilizamos, dando voz a quem tem seu direito garantido por lei.
“Mais coração nas mãos.” São Camilo de Lellis